22 setembro, 2009

o apanhador de cascavéis

Sálvio Silva, temido apanhador de cascavéis, cansado de urubuzar a vida destes pobres crotalídeos, certo dia resolveu bandonear por outras ilhas, trocar sua função de vida, quão difícil era apanhar cascavéis, essas bichas venenosas, barulhentas e cruéis. Apesar de não temê-las, achava que sua missão de apanhador havia de se encerrar, uma vez em que a prefeitura logo lhe iria exonerar, haja visto o tamanho problema que Sálvio certa hora arrumou em sua cidade, quando resolveu apanhar misteriosamente a primeira-dama, dona Getulina, perigosa cascavel de vereda, que andou se engalfinhando às escuras com um tocador de pífanos, seo Deoclécio. Pega de surpresa em sua empreitada, dona Getulina gritou com tanta força, mas tanta força, que até os mortos pularam das catacumbas, os bichos fugiram do zoológico, os padres se renderam ao diabo e a pequena população de Boiúna correu mato adentro, acreditando que o apocalipse finalmente havia chegado.
Passado o tumulto, Sálvio Silva finalmente decidiu que não servia mais para a função de apanhador de cascavéis, fugiu com a roupa do corpo com medo de linchamento, instalou-se na cidade vizinha, agora com nova função, de apanhador de galinhas.

2 comentários:

Jamila Maia disse...

Adorei. De novo ^^

Camilla Tebet disse...

Que máximo. Uma nova faceta de Calu. Prosa boa, muitíssimo bem escrita. muitíssimo. Boa de ler, ironica .... Adorei estilo novo de Calu (que eu pelo menos não conhecia). quero mais.