Se todo mundo pensasse seriamente no absurdo que é tudo isso de ser feito de carne, mas também olhar as estrelas, de ter um rosto, mas também ter aquele buraco fétido, se todo mundo tivesse o hábito de pensar, haveria mais piedade, mais solidariedade, mais compaixão e amor. Hilda Hilst
27 janeiro, 2010
08 janeiro, 2010
o gato
Depois de tantos desvarios na madrugada
trocando miúdos até amanhecer
esperamo-nos inteiros, intensos animais.
Chegaste devagar,
quase sorrateiro,
agora te percebo de andar sereno e leve
o felídeo vezes desconfiado.
Selvagem quando decide,
arredio quando necessita,
à mínima luz o brilho da retina
do meu eixo, por vezes, me retira...
O gosto do afago, mas sem exagero:
se te aperto muito, foges de mim.
O belo gato se arisca e quer sossego.
Mas quando te decides por carinho
e se enrosca tranquilo nas minhas pernas
de pêlos macios, pele quente,
sou fêmea, bicho-mulher, inteira
desfrutada com gosto e devagar.
E ronrona no meu ouvido, o belo gato...
O mundo selvagem torna-se paraíso
do amor felliniano felino, o amor humano dos bichos.
trocando miúdos até amanhecer
esperamo-nos inteiros, intensos animais.
Chegaste devagar,
quase sorrateiro,
agora te percebo de andar sereno e leve
o felídeo vezes desconfiado.
Selvagem quando decide,
arredio quando necessita,
à mínima luz o brilho da retina
do meu eixo, por vezes, me retira...
O gosto do afago, mas sem exagero:
se te aperto muito, foges de mim.
O belo gato se arisca e quer sossego.
Mas quando te decides por carinho
e se enrosca tranquilo nas minhas pernas
de pêlos macios, pele quente,
sou fêmea, bicho-mulher, inteira
desfrutada com gosto e devagar.
E ronrona no meu ouvido, o belo gato...
O mundo selvagem torna-se paraíso
do amor felliniano felino, o amor humano dos bichos.
estética da tragédia
Por que as pessoas se interessam tanto por mortes, desastres, desgraças? Será para alimentar mais o medo? Será para questionar algum vazio de existência (já que, para morrer, basta estar vivo)? Será pura e simples morbidez? Sadismo? A morte serve ao capitalismo: vende jornais, revistas, anúncios na televisão. A morte amortecendo as gentes.
(há beleza na morte ou morte na beleza?)
(há beleza na morte ou morte na beleza?)
04 janeiro, 2010
festejo
Com ar de festa desejo os sentimentos urgentes e seus momentos de pequeno alcance; a divindade das horas que despertam imagens apagadas; as considerações sobre a vida que ultrapassam palavras; as imprevisíveis liberdades conquistadas, irreparáveis e inconstantes; as simplicidades de uma consciência cintilante. Nosso devir de expressão, a nossa poética isolada contaminando a multidão.
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