24 janeiro, 2007

Filme real

Gosto de andar na rua observando as pessoas que passam, tentando ver para onde vão, quem são elas, o que pensam? Ouço as conversas em trechos, as histórias nunca são as mesmas, a que começa aqui não é a que termina lá...
A cidade se movimenta, os carros correm pelas ruas, os cachorros cheiram as quinas, a fumaça sobe, a cor do semáforo muda, as pessoas falam, se agitam, gritam, algumas choram, outras sorriem, outras falam sozinhas... As folhas dançam nas poucas árvores que consigo ver, e através delas avisto os outdoores, os letreiros, as faixas... as palavras estão aqui, ali, em cima, do lado, de vários ângulos, formas e cores... as palavras falam sozinhas no cinza, alguém terá de escutá-las.
Caminho e dentro de mim a música escoa, me toca, e os ângulos que vejo já estão em outra dimensão.
A vida como um filme real, onde o único diretor sou eu.

20 janeiro, 2007

O vento e a sombra

Às vezes me sinto como um cego que precisa apalpar o mundo para vê-lo.
Tento tocar as coisas por aí, até aquelas impossíveis de serem tocadas, aquelas que não são palpáveis...
Como se, com meus dedos invisíveis, tentasse pegar o vento que sopra em minha face quente.
Você veio como o vento, e apenas num sopro me pegou. Como posso alcançá-lo? se apenas passa por mim, e me toca, mas não me vê?
Sou apenas uma sombra. Preciso da luz para existir.
Há tanto sou a sombra que espera que o vento venha com toda sua força, e com tanta força me carregue para algum outro lugar desconhecido.
Me acaricia com seu sopro, ó vento, e com sua força carrega essa sombra que precisa de mais luz para crescer, para se expandir para algum lugar maior.
Assim nos aventuremos, eu e tu, sombra e vento, dançando pelas paisagens.
Mesmo que não nos vejam, e mesmo que nós não nos vejamos, carregamos conosco, onde for, o conforto de saber que ao menos nos percebemos. Nos sentimos.
Em toda sutileza, existimos.