Gosto de andar na rua observando as pessoas que passam, tentando ver para onde vão, quem são elas, o que pensam? Ouço as conversas em trechos, as histórias nunca são as mesmas, a que começa aqui não é a que termina lá...
A cidade se movimenta, os carros correm pelas ruas, os cachorros cheiram as quinas, a fumaça sobe, a cor do semáforo muda, as pessoas falam, se agitam, gritam, algumas choram, outras sorriem, outras falam sozinhas... As folhas dançam nas poucas árvores que consigo ver, e através delas avisto os outdoores, os letreiros, as faixas... as palavras estão aqui, ali, em cima, do lado, de vários ângulos, formas e cores... as palavras falam sozinhas no cinza, alguém terá de escutá-las.
Caminho e dentro de mim a música escoa, me toca, e os ângulos que vejo já estão em outra dimensão.
A vida como um filme real, onde o único diretor sou eu.
Se todo mundo pensasse seriamente no absurdo que é tudo isso de ser feito de carne, mas também olhar as estrelas, de ter um rosto, mas também ter aquele buraco fétido, se todo mundo tivesse o hábito de pensar, haveria mais piedade, mais solidariedade, mais compaixão e amor. Hilda Hilst
24 janeiro, 2007
20 janeiro, 2007
O vento e a sombra
Às vezes me sinto como um cego que precisa apalpar o mundo para vê-lo.
Tento tocar as coisas por aí, até aquelas impossíveis de serem tocadas, aquelas que não são palpáveis...
Como se, com meus dedos invisíveis, tentasse pegar o vento que sopra em minha face quente.
Você veio como o vento, e apenas num sopro me pegou. Como posso alcançá-lo? se apenas passa por mim, e me toca, mas não me vê?
Sou apenas uma sombra. Preciso da luz para existir.
Há tanto sou a sombra que espera que o vento venha com toda sua força, e com tanta força me carregue para algum outro lugar desconhecido.
Me acaricia com seu sopro, ó vento, e com sua força carrega essa sombra que precisa de mais luz para crescer, para se expandir para algum lugar maior.
Assim nos aventuremos, eu e tu, sombra e vento, dançando pelas paisagens.
Mesmo que não nos vejam, e mesmo que nós não nos vejamos, carregamos conosco, onde for, o conforto de saber que ao menos nos percebemos. Nos sentimos.
Em toda sutileza, existimos.
Tento tocar as coisas por aí, até aquelas impossíveis de serem tocadas, aquelas que não são palpáveis...
Como se, com meus dedos invisíveis, tentasse pegar o vento que sopra em minha face quente.
Você veio como o vento, e apenas num sopro me pegou. Como posso alcançá-lo? se apenas passa por mim, e me toca, mas não me vê?
Sou apenas uma sombra. Preciso da luz para existir.
Há tanto sou a sombra que espera que o vento venha com toda sua força, e com tanta força me carregue para algum outro lugar desconhecido.
Me acaricia com seu sopro, ó vento, e com sua força carrega essa sombra que precisa de mais luz para crescer, para se expandir para algum lugar maior.
Assim nos aventuremos, eu e tu, sombra e vento, dançando pelas paisagens.
Mesmo que não nos vejam, e mesmo que nós não nos vejamos, carregamos conosco, onde for, o conforto de saber que ao menos nos percebemos. Nos sentimos.
Em toda sutileza, existimos.
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