30 março, 2009

costureira


que sejam sempre incompreensíveis minhas palavras, meus retalhos, ora bem costurados, ora bordados, ora adornados, cheios de adereço, pontos, tranças e fuxicos, essa colcha de palavras são mosaicos, não tentem compreendê-las sempre, apenas compreenda que há o caos, é meu novelo de vida, puxo um fio, dois, três, dou um ponto, em cruz, trançado, sonho no meio, um bordado, de repente tudo desfaço, refaço no tear dos dias, me repenso, desligo a máquina, abro buracos com agulhas, furo um dedo, choro, depois rio um rio de risos, pra vida ficar macia que nem algodão, tecer, tecido, ter sido, aqui sigo, costureira de minhas atitudes, pensamentos, fabulações, artesã de mim desfio minhas linhas, minhas curvas, há o novelo, é meu caos de vida, cosendo, correndo, páro de arfar porque tudo, afinal, ficará guardado dentro da caixinha.

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