09 outubro, 2008

S o b r a

O tempo passa, os ponteiros giram,
e eu nada deixo por aqui?
Envelhecendo nesse mundo louco e ficando louca.
Não deixando nada por aqui.
Não tenho nenhuma obra pra deixar.
Não componho
não escrevo
não pinto nem desenho.
Atuo e danço,
mas nisso meu corpo tem que estar vivo,
é efêmero,
passa logo, dali a pouco ninguém mais vai lembrar.
Nao caibo numa prateleira
nem posso me pendurar numa parede.
Não giro dentro do aparelho de som.
Eu nada deixo por aqui.
Não tenho nenhuma obra pra deixar no mundo.
Talvez não tenha sido criativa o suficiente.
Ou ousada o suficiente.
Não sei.
Cada dia sei que sei menos do que achava que sabia.
O mundo sujo tem me aborrecido, quando não emburrecido.
Tou cansada.
O que deixarei para os meus filhos?
Meu DNA e algum valor que não sei se tem valor.
Nem mais valia.
Posso olhar pra Deus? E ser cega?
Enxergar e não ver?
Não posso ter asas, ao invés de braços?
Onde vaga a liberdade que disseram que eu teria?
Por que meus sonhos moram longe,
e eu não sei que condução pegar?
Tou cansada.
Não tenho nenhuma obra pra deixar.
De mim, não sei nem se há algo pra sobrar.

2 comentários:

Amanda Herrera Massucatto disse...

Ah, mas você se engana, quando diz que é efêmero,que ninguém vai lembrar! Lembra sim!

Camilla Tebet disse...

E deixa idéias.. cada vez que faz alguém pensar, mudou um pouquinho a vida dessa pessoa. Parece bobo, parece pouco, eu sei. Mas é fato que influenciamos a vida de com quem convivemos. E que papo é esse? Se vc tem filhos, já está deixando um monte não está?
Parece que sei do que vc está falando.. é uma instisfação, porque qualquer dessas coisas parece muito pouco quando o pouco é o que estamos dando à nos mesmas.
Será?