02 fevereiro, 2006

BBB: vendando os olhos do Brasil

BBB pra mim só tem um significado: Bela Bosta Brasileira. Não sou "big brother" de ninguém a não ser dos meus próprios de sangue, ou do amigo e camarada para todas as horas, onde na amizade não é necessário o voyeurismo ou o policiamento de sua vida nas 24 horas do dia. Isso sim eu chamo de "big brother" saúdavel. Tá, sabemos que a iniciativa foi criada pelos holandeses da "Endemongol", mas que eu saiba a Holanda é um país de gente bem educada, onde vale a pena pagar os impostos que são bem aplicados e investidos no país. Não estou dizendo que o Brasil é uma merda, aliás, amo meu país e por isso luto para que ele seja melhor. Estabeleço a comparação pela seguinte questão: o que é mais fácil de se manipular, um povo famélico e ignorante ou um povo educado e bem abastecido? E "famélico" não é só fome de comida, mas fome de educação, de cultura, de saúde, fome de viver e não de só sobreviver o tempo todo.
O povo brasileiro riu e muito com os vídeos gravados pelos pobres coitados candidatos ao BBB6 que não foram contemplados. Para mim, o mais engraçado foi ver que ninguém percebeu que a Globo nem ousou tocar no assunto de transmitir, também, o vídeo dos que foram selecionados. De cara, isso dá margem a diversas questões: quem escolhe? como? por que? quais os critérios de seleção? como se justifica os que foram selecionados?. E a pergunta que não quer calar: não seria isto um jogo de cartas marcadas? É o que parece mais provável. Eu começaria tudo com a seguinte pergunta: BBB pra que???
Quem, dentre estes milhões de espectadores, sabe exatamente o que há por trás de tudo? Será que já se questionaram? Pensar dói? Ou é mais fácil acreditar que é tudo justo e honesto, ou tampar os olhos para não ver, pois a vida REAL é um fardo muito pesado de se carregar e nós, pobres mortais, temos o direito de, de vez em quando, nos sentirmos como verdadeiras Alices saltitantes no país das bunda-maravilhas?

O BBB não é a cara do Brasil, e nunca será. Eu sou brasileira e, sinceramente, me sinto ofendida toda vez que alguém diz isso pra mim. Para disfarçar, e não dar um tom racista ou preconceituoso, a emissora escolhe um "gordinho", um negro, um mulato e até um nordestino, como se BBB fosse a "oportunidade para todos", um outro um pouquinho mais "culto" para equilibrar com a acefalia da maioria de "pitboys" e mocréias "pitanguisadas", com suas bundas saradas e balouçantes, seus fios dourados de descolorantes, esvoaçando pela casa, em meio ao som de "lacraias" e "tigrões", uma verdadeira orgia "quebra-barraco" camuflada. Ah... e quem não ganha o tal 1 milhão terá a chance de aparecer na "Caras" ou na "Ti-ti-ti", "Sexy" ou "Playboy", fazendo a alegria das madamas e de adolescentes espinhentos. Ou de causar "pânico" à população, como aquela japonesa de cabelo loiro e bunda de mulata, num "exemplo de miscigenação".
Se querem que o BBB seja a "cara do Brasil", então sugiro o seguinte: coloquem na mesma casa um mendigo, um flagelado à beira da inanição, um analfabeto, um artista (de preferência o que passa o chapéu pra ganhar um troco), um interno da Febem, um traficante e, para equilibrar, um político corrupto (candidatos não irão faltar). Ah, não se esqueça do policial e do jogador de futebol.
Aí, quem sabe, nos olhemos no espelho da nossa realidade e enxerguemos onde é que está a verdadeira "cara do Brasil", esta sim ainda muito distante das lentes das câmeras e das telinhas de TV.

Calu Baroncelli

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