Se a vida seguisse cartilha, tudo seria mais fácil. Mais simples e mais pontual. Se a vida seguisse cartilha, ela seria pequena, limitada num espaço determinado, com pouca perspectiva, mais presa em si mesma, fechada. A vida seguindo cartilha não poderia ser grande nem megalômana, nem libertária, nem mesmo mínima - é uma vida sem referência. Nem guerreada, batalhada. Se a vida seguisse cartilha, seria impassível, inócua e insípida, de sentimento, sensação e reflexão. Não transcenderia nem o próprio viver, nem se tornaria mutável. A vida seguindo cartilha não é uma vida experenciada, criativa em si mesma, seria somente uma vida criada por quem não estaria permitido de vivê-la. Quem vive seguindo a cartilha não a pratica e nem a teoriza, apenas se automatiza, mecaniza. A vida programada, como máquina, abandonada de suas próprias engrenagens. Sem movimento, sofrimento, devaneio.
A vida seguindo cartilha é só um objeto inerte, onde não cabe uma existência inteira.
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