Um dia acordou de repente com uma visita inesperada tocando a campanhia. Se arrependeu de tê-la deixado entrar. Sem saber o que fazer, ficou dias a fio tentando escondê-la dentro da gaveta, não queria olhar para ela, trancou com cadeado e fez questão de jogar a chave no lixo. Ela incomodava, falava alto, perturbava o sono. Mas não teve jeito. A dor estava ali, se encontrando com ela face a face para onde ia, olhando profundamente em seus olhos grandes e deixando bem claro que ela não poderia fugir. Não tinha jeito. Ela teve que encarar sua dor, teve que olhar para ela, teve que gritar com ela, tentou expulsá-la, expurgá-la, exorcizá-la, mas parecia que fazer isso se tornava pior, porque tudo aumentava de tamanho a cada tentativa.
Até que ficaram frente à frente, como num duelo. Ao invés de tentar matá-la, abraçou sua dor, beijou-a, e convidou-a para um café, conversaram a tarde toda, se entenderam e ficaram amigas... E não era tarde quando a dor se despediu, abriu a porta, e foi embora, feliz, sem saber, exatamente, quando estaria de volta.
Um comentário:
bravo!
ooo mente interessante
essa que funciona aí nesta cabeça
que veste os curtos cabelos!
sempre q posso estou aqui!
bjos
ANA / Rodriga
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