Se todo mundo pensasse seriamente no absurdo que é tudo isso de ser feito de carne, mas também olhar as estrelas, de ter um rosto, mas também ter aquele buraco fétido, se todo mundo tivesse o hábito de pensar, haveria mais piedade, mais solidariedade, mais compaixão e amor. Hilda Hilst
04 maio, 2009
banquete
Cheia de voluptuosidade, avançando sobre os mais belos e pobres mortais e devorando-os com tal sagacidade, ela se encontra neste banquete com sua própria nudez. Despe-se de carne e de espírito, dissoluta e libertina, entre línguas, pernas e abdômens, mãos tateando numa busca voraz, ela, deusa encantadora de almas e homens, entrega-se com tal devoção ao banquete que, entre o devorar e ser devorada, torna tal ritual como uma reza, um mantra, e dá seu grito de redenção, deixando-os lívidos porém ávidos e sedentos, abatidos pelo cansaço do mais farto entendimento destes mistérios gozozos e divinos, constantes e corajosos, e essencialmente primordiais.
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3 comentários:
fantasticamente criativo, poeticamente cru e belo ...
As Bacantes te visitaram ontem?
Inteso para ser lacônica.
Puro para ser de Lesbos.
Ávido para alguém que conhece Baco.
Exatamente.. super Bacantes... de pernas e mentes abertas. A entrega que do prazer traz o sentido.
Amei o texto. Pera que vou ler de novo.
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