03 maio, 2007

Melhor herança, impossível

Tenho lido tanto ultimamente, mais do que talvez eu tenha lido no ano passado inteirinho. Isso tem uma razão: no ano passado eu trabalhei mais do que as tetas das vacas leiteiras que abastecem a Parmalat. Não tinha tempo. Quando tinha, só queria dormir, de tanto cansaço. Agora trabalho como gente, em horário de gente, e tenho tempo para ler, e tenho, principalmente, muita disposição para ler.
Estou voltando à fase da devoração dos livros.

Quando eu era pequena, além de dentista (acredite se quiser) e bailarina, eu queria ser escritora. Adorava escrever. No Colégio de São Bento, onde estudei até a quinta série, tinha um jornal interno, publicado pelo pessoal do grêmio escolar (isso ainda existe?), chamado O Bentinho Picareta. Era muito bacana esse jornal. Às vezes eles selecionavam as melhores redações do primário, ginásio e colegial. Publicaram redações minhas diversas vezes.
Minha mãe tinha uma máquina de escrever verde, que eu gostava muito. Pegava folhas de sulfite e escrevia, escrevia, escrevia as minhas estórias sem parar. Inventei gente, inventei mundo, inventei tanta coisa e... hoje sinto saudades de um dia ter sido assim. De um dia ter tido uma imaginação tão fértil e de não ter me preocupado com o que os outros poderiam achar.
Duvido que Machado de Assis, Hilda Hilst, Julio Cortázar, entre mil outros, tenham se preocupado muito com a opinião alheia ao criarem personagens irônicos e às vezes absurdos.
Mas eu não sou a Hilda Hilst ou o Machado de Assis.
Bem, isso não importa.

O que importa é o assunto a que quero me referir: voltar ao velho e bom hábito da devoração de livros. Já estou voltando. Nos últimos dois meses cheguei a ler de 1 a 2 livros por semana. Ainda larguei o Werther no meio, porque ele é suicida e deprê, e eu não estou nesse pique. Tenho momentos e momentos para ler determinadas coisas.

Essa mania eu herdei de minha mãe.
Talvez fique de herança também os seus livros.
E meu padrasto já me deu coleções de obras, principalmente de literatura dramática, algumas escritas até em italiano e francês, que ele herdou de seu avô e nunca leu. (talvez eu tenha que me tornar uma poliglota forçadamente, para não desperdiçá-los).
Juntando tudo, terei leitura para uma vida toda.

Melhor herança que essa, impossível.

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