E quando tudo tiver sua hora de chegar
eu já terei ido longe.
Percorrido uma distância urgente, ofegante,
no cansaço em que se divide um dia civil.
Eu, não menos civilizada,
aguardo o tempo ordinário em que não fiz
o que deveria ter feito ou poderia fazer:
traço a minha ocasião.
Não determino nada, mas corro contra o tempo,
esse devorador da vida que vaga, lentamente ágil,
com a força de um furacão.
Não resisto às variações
do meu meridiano central.
As horas não serão mais horas,
partes, números, ensejos,
nem extraordinárias cargas de operários tristes,
intervalos críticos e decisivos,
momentos de desejo,
quando tudo tiver a hora de chegar
eu já terei partido, em boa hora:
se a badalada no sino do relógio, grita,
inquieta, em alta noite,
quando tudo está em silêncio.
Persevero, paciente,
pois não tenho prazo para acontecer.
Um comentário:
Não tenho hora para existir.
Sou!
SINTO o agora!
Postar um comentário