25 junho, 2008

Tecnologia

Simples assim.
Comprei, a preço de banana, um super celular que lava, passa, cozinha, nina o nenê, desperta a dor, arruma a casa, e ainda por cima tem um tocador de MP3.
Nas viagens a trabalho, é útil.
Vai tocando todas as musiquinhas que nele coloquei.
Todo mundo se diverte.
Eu, o meu amigo e o motorista.
E o tocador ali tocando, como aqueles radinhos de pilha.
Lembra dos radinhos de pilha? Aqueles vermelhinhos, que neguinho colocava na orelha pra ouvir jogo de futebol, já que o estádio é grande e lotado e não dá pra ver porra nenhuma?
Então, o meu super celular, é parecido com o radinho de "pia".
Aí, na viagem, o motorista diz:
- Esse é o primo-rico do radinho.
E meu amigo completa:
- Pois é, tanta evolução, para voltarmos para o mesmo lugar.

24 junho, 2008

Falando de amor com Fernando Tucori

Eu gostei tanto, mas tanto, e tanto do que ele disse, que resolvi postar o link aqui, para que outros gostem tanto, mas tanto e tanto quanto eu.

Falando de amor com Fernando Tucori

O Fê é aquele meu amigo, irmão e companheiro de loucuras, brisas e viagens, a quem dediquei um tópico logo que criei este blog (arquivos de 2005).

Divirtam-se.

Metade

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

(Oswaldo Montenegro)


Para alguém especial.

Antes fosse...

Antes fosse este cimento um chão de areia
Antes fosse o instrumento um belo rabo de sereia
Antes fosse o meu tormento um grito de baleia
Antes fosse o casamento todo fogo que incendeia
Antes fosse esse momento como um disco de Candeia

O samba tocando no peito
em noite de lua cheia.

23 junho, 2008

O fora

A menina pula, corre, dança, ri, ri mais um pouco, dança mais um pouco, pinta e borda o dia inteiro.
A mãe se mata na faxina, limpa banheiro, lava roupa, louça, lenço, tira pó o dia inteiro.
E de noitinha:

- Filha, vai tomar banho!

A menina se joga no sofá.

- Filha, já falei pra você ir tomar banho! A-go-ra!

A menina se esparrama nas almofadas.

- Já vou, mãe, é que eu tô tão cansada!

A mãe a puxa pelas perninhas finas.

- Cansada tô eu, que limpei a casa o dia todo! Como você pode estar cansada, se não fez nada o dia inteiro?

A menina olha de soslaio.

- Mãe, brincar é não fazer nada?

O mar

O menino, nascido no sertão da Paraíba, vendo o mar pela primeira vez na cidade do Recife:

- Pai, mas que açude grande é esse!!

20 junho, 2008

Subterrâneos do inferno

[Centro de São Paulo]

Eu desço aos subterrâneos do inferno todos os dias.
Pela manhã cedo, oito e meia especificamente.
Eu passo a catraca e sinto calafrios.
As escadas que dão para os subterrâneos do inferno são longas.
Mais longo é o tempo que levo pra conseguir alcançar a plataforma.
Alienígenas subindo em minha direção.
Eu quase perco o rumo.
Quase sou abduzida pela massa.
Consigo me desviar.
Finalmente alcanço a plataforma.
A plataforma do inferno.
Corpos se arrastam.
Espíritos apagados brigam por um pedaço de chão para pisar.
Rostos entristecidos pela rotina se esbarram.
O tempo passa em câmera lenta.
Eu corro contra o tempo.
Eu corro para o trem.

O trem atravessa os subterrâneos do inferno
que cortam por dentro a cidade alerta,
a cidade que não pára,
a cidade que cresce desenfreadamente,
preenchida de almas vazias,
estonteantes,
que carregam no semblante
a loucura da metrópole caótica.