É tudo muito estranho. Pelo menos, na maioria das vezes. Sinto que a liberdade só existe para quem, um dia, esteve preso.
Eu me sinto presa, por algemas invisíveis. São várias: prendem os pés, as mãos, a cabeça. Tateio no escuro para procurar as chaves. E pago um preço caro por querer soltá-las.
Essa conquista pela liberdade moral é perigosa: você se torna um ser incompreensível, você é louco, é insano, “não se adequa ao perfil”. Os porquês todos vêm de brinde no “kit padrão”, podem te transformar num estereotipo.
Se eu realmente sou louca, por que tenho que me justificar? Não tenho que ficar explicando “sou assim porque...”. É algo muito simples, como alguém me questionar por que eu prefiro cu de leão a pé de porco. Oras, eu não gosto de pé de porco e adoro cu de leão (obviamente eu nunca comi cu de leão, e nem vou comer. É, no mínimo, arriscado ou indigesto).
Mil explicações e questões pela vida afora.
Acho que se eu realmente me sentisse normal (o que é ser normal?), com certeza não jogaria estas palavras aos ventos. Bem, até posso ser normal fazendo isso, mas prefiro não classificar, porque a normalidade é subjetiva, relativa e realmente difícil de entender. Assim como a própria noção de realidade.
Essa coisa de mexer com o eu, o EGO, a individualidade, é séria, arriscada, dá medo nas gentes. E quando falo tudo isso é porque já estou cansada de ter que explicar tudo a todos, o tempo todo. Eu também me questiono, minha gente! Todos os dias.
Eu e meus vazios (as gavetas nem sempre estão cheias), meus ais, minhas cicatrizes.
O que não deve acontecer – e muito acontece – é buscar as respostas certas para as perguntas erradas.
“Se você me achou esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar” (Clarice Lispector).
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